Esse dia para Rodrigo e para toda a capital da Bahia chegou. A vereadora Leo Kret, primeira travesti a assumir um cargo desta natureza no Estado, propõe, em parceria com a Central Única das Favelas (base Bahia), a eleição do dia 23 de abril como o Dia Municipal da Favela, do Subúrbio e da Periferia. A votação ocorrerá, nesta quarta-feira, 22 de abril, às 14h, na Câmara Municipal de Salvador.
“Caminhando por Salvador é notória a presença de espaços em que a urbanização deficiente produziu habitações precárias, construídas de forma irregular. Mas nesses espaços, apesar do contexto socioeconômico e político, há gente que luta, que vive e que faz do seu cotidiano um verdadeiro espetáculo de cidadania”, entusiasma a vereadora.
Para a Central Única das Favelas, entidade existente nos 27 estados brasileiros e em outros municípios, a simbologia de uma data em que se comemora a presença de favelas em nosso cotidiano “se projeta como um ato de afirmação de um espaço que antes era compreendido somente como o ‘não lugar’, mas que agora vem à cena política buscar, por vias democráticas e institucionais, soluções para suas demandas, negando-se a se submeter a um violento, discreto e eficaz processo de ‘invisibilização’ dos despossuídos desse país”, declara Preto Zezé, articulador nacional da entidade.
A escolha da data
A data escolhida faz referência ao nascimento do Bairro da Paz que, em 23 de abril de 1982, a partir de uma ocupação urbana. Inicialmente denominado de invasão das Malvinas, em virtude dos conflitos da época, entre a Inglaterra e a Argentina, pela disputa das Ilhas Falklands, a ocupação recebeu uma violenta repressão policial e uma forte pressão da administração municipal e estadual.
Na década de 90, as primeiras reivindicações populares começaram a ser atendidas dando ao local, características de bairro: instalação de telefones públicos, transporte coletivo, rede de energia, implantação de uma escola, posto de saúde. Em 1992, entidades ligadas à Igreja Católica, que acompanharam o processo de ocupação, sugeriram um plebiscito para a mudança do nome do bairro, que passou a se chamar: Bairro da Paz.
Hoje, o bairro, tido como maior espaço de resistência negra na cidade de Salvador, revela-se num Quilombo Urbano com aproximadamente 11 mil domicílios e uma população beirando os 65 mil habitantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário