segunda-feira, 20 de abril de 2009

Dia Municipal da Favela, do Subúrbio e da Periferia!


“Eu, Rodrigo Silva Pereira, nasci no Bairro da Paz e não tenho vergonha disso. Vivi com minha infância lá e guardo muitas lembranças. Mas o que eu quero é que dêem mais atenção àquele bairro que precisa de muitos investimentos,de valorização da sua gente.Muitas pessoas acham que ali é um local violento, cheio de marginais e cheio de gente pobre. Porém, não é assim! Ali tem gente honesta trabalhadora,que luta pela sobrevivência e vive com alegria. Espero que um dia muitos olhem o Bairro da Paz com outros olhos,que meu bairro venha a ser valorizado e respeitado e que no futuro traga alegria e orgulho para os seus moradores”.

Esse dia para Rodrigo e para toda a capital da Bahia chegou. A vereadora Leo Kret, primeira travesti a assumir um cargo desta natureza no Estado, propõe, em parceria com a Central Única das Favelas (base Bahia), a eleição do dia 23 de abril como o Dia Municipal da Favela, do Subúrbio e da Periferia. A votação ocorrerá, nesta quarta-feira, 22 de abril, às 14h, na Câmara Municipal de Salvador.

“Caminhando por Salvador é notória a presença de espaços em que a urbanização deficiente produziu habitações precárias, construídas de forma irregular. Mas nesses espaços, apesar do contexto socioeconômico e político, há gente que luta, que vive e que faz do seu cotidiano um verdadeiro espetáculo de cidadania”, entusiasma a vereadora.

Para a Central Única das Favelas, entidade existente nos 27 estados brasileiros e em outros municípios, a simbologia de uma data em que se comemora a presença de favelas em nosso cotidiano “se projeta como um ato de afirmação de um espaço que antes era compreendido somente como o ‘não lugar’, mas que agora vem à cena política buscar, por vias democráticas e institucionais, soluções para suas demandas, negando-se a se submeter a um violento, discreto e eficaz processo de ‘invisibilização’ dos despossuídos desse país”, declara Preto Zezé, articulador nacional da entidade.

A escolha da data

A data escolhida faz referência ao nascimento do Bairro da Paz que, em 23 de abril de 1982, a partir de uma ocupação urbana. Inicialmente denominado de invasão das Malvinas, em virtude dos conflitos da época, entre a Inglaterra e a Argentina, pela disputa das Ilhas Falklands, a ocupação recebeu uma violenta repressão policial e uma forte pressão da administração municipal e estadual.

Na década de 90, as primeiras reivindicações populares começaram a ser atendidas dando ao local, características de bairro: instalação de telefones públicos, transporte coletivo, rede de energia, implantação de uma escola, posto de saúde. Em 1992, entidades ligadas à Igreja Católica, que acompanharam o processo de ocupação, sugeriram um plebiscito para a mudança do nome do bairro, que passou a se chamar: Bairro da Paz.

Hoje, o bairro, tido como maior espaço de resistência negra na cidade de Salvador, revela-se num Quilombo Urbano com aproximadamente 11 mil domicílios e uma população beirando os 65 mil habitantes.

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